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sábado, 24 de outubro de 2009

Abertura da Igreja Católica para anglicanos aumenta expectativa de fim de celibato

Ao facilitar a conversão de anglicanos tradicionais em católicos, o Papa Bento 16 mais uma vez revelou o estilo de seu papado: alcançar os fiéis mais fervorosos, mesmo que não sejam de sua Igreja. Ainda assim muitos analistas questionam se esse passo poderia paradoxalmente liberalizar a Igreja – ou ao menos, deixá-la menos rigorosa – em um assunto crucial: o celibato.

Em uma atitude histórica na terça-feira, o Vaticano anunciou que ajudaria anglicanos desconfortáveis com mulheres no cargo de bispo ou bispos assumidamente homossexuais a se unirem a um novo rito anglicano em conjunto com a Igreja Católica.

A abertura também se estende ao casamento de sacerdotes anglicanos. E por isso as pessoas começaram a imaginar que, mesmo que Bento 16, com 82 anos, nunca o permitisse, não haveria mais pessoas da Igreja Católica que começariam a se entreter com a possibilidade de haver padres católicos casados?

“Se você se acostuma com a ideia de padres se casando, isso muda a percepção da necessidade do sacerdócio católico”, disse Austen Ivereigh, analista católico em Londres e ex-consultor do cardeal Cormac Murphy-O´Connor de Westminster.

“Enfrentamos o prospecto de que no futuro ao irmos a uma Igreja Católica em Londres, seja normal encontrar um padre casado celebrando uma missa no altar, com sua mulher sentada na terceira fileira e suas crianças correndo pelo ambiente”, disse.

Não ficou claro quantos padres anglicanos se transferirão para Roma. Em uma coletiva de imprensa anunciando a nova estrutura, na terça-feira, o cardeal William Levada, chefe do gabinete doutrinal do Vaticano, disse apenas que de 20 a 30 bispos anglicanos haviam inquirido sobre se tornar católicos, embora o número de padres seja muito maior que o de bispos.

Os padres casados são permitidos em ritos católicos no Oriente, e um dos objetivos centrais de Bento 16 é uma comunhão completa com os ortodoxos – e eles, também, permitem que os padres se casem. Os padres anglicanos, casados ou não, já têm permissão para se tornar padres católicos, mas baseando-se em cada caso individual. A nova medida permitiria pela primeira vez a entrada de grupos de padres casados.

“Agora estamos abrindo toda uma nova estrutura com o ritual latino e oriental, que permitirá a função de padres casados”, disse Thomas Reese, um participante sênior do Seminário Teológico Woodstock da Universidade de Georgetown e analista católico liberal.

Reese levantou uma série de questões hipotéticas intrigantes, como: os padres anglicanos não casados que se tornassem padres católicos teriam que fazer o voto de castidade? (presume-se que a resposta seja sim). Um católico poderia se converter ao anglicanismo, ser ordenado padre anglicano e então se reunir à Igreja Católica sob o novo rito anglicano? (O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, qualificou essa ideia como “trapaça”).

A proposta para os anglicanos fala de um tema central no pontificado de Bento 16: seu desejo em trazer os fiéis tradicionais para o Catolicismo, a todo custo, para ajudar a religião a se tornar a “minoria do criador”, em uma Europa cada vez mais secular.

Muitos católicos liberais nos EUA lamentaram que a decisão do papa tivesse novamente demonstrado que ele atingiu apenas os elementos mais conservadores no espectro católico, e não os mais progressistas.

E muitos especialistas apontam que a decisão também refletiu na tendência similar dentro do Vaticano: como no caso dos bispos cismáticos, a combinação com os anglicanos foi muito discutida pelos gabinetes doutrinários, geralmente ocupados por clérigos mais conservadores, sem uma consulta direta com o gabinete responsável pelo diálogo ecumênico, cujos membros tendem a ser mais moderados. Muitos viram a abertura como mais um sinal de que o verdadeiro poder do pontificado de Bento 16 se sustenta na Congregação pela Doutrina da Fé, gabinete doutrinário, o qual ele supervisionou por duas décadas antes de se tornar papa.

Coincidência ou não, o Vaticano anunciou a criação da estrutura para os anglicanos apenas após o cardeal Murphy-O´Connor, que tem grande importância no diálogo ecumênico, se aposentar, e quando o cardeal Walter Kasper, diretor do Conselho Pontíficie pela Promoção da Unidade Cristã e principal pessoa do Vaticano nas relações com os anglicanos, estava fora da cidade.

Em 15 de outubro, Kasper disse em uma coletiva de imprensa que o Vaticano não pretendia “pescar em lagos anglicano”, e que o objetivo desse diálogo com eles não era a conversão. Na terça-feira, Levada disse que ele havia questiona as pessoas envolvidas no diálogo ecumênico para atender à coletiva de imprensa anglicana, mas eles não estavam em Roma.

Ele reconheceu a complexidade em permitir a entrada de padres casados na Igreja.

“Eu acho que para algumas pessoas parece ser um problema, porque como se sabe muitos padres católicos deixaram o sacerdócio para se casar”, disse Levada. “E a questão que surge é, ‘bem, se ex-anglicanos podem ser padres e ser casados, e quanto a nós?”

Mas ele disse que há diferenças entre os anglicanos que buscam conversão para o catolicismo e os homens católicos que assumem o celibato do sacerdócio e então decidem “que querem deixar a função para ter uma vida de casado”.

“Eu não acho que esse seja um problema intransponível”, disse Levada.

Fonte: The New York Times / Web Rádio Gospel
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