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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Saúde viola direitos fundamentais no Pará

As quartas e sextas-feiras não são bons dias para ficar doente em Benevides. Não há médicos na Unidade Básica de Saúde do município. É o que informa o aviso afixado logo na porta de entrada de da UBS. “Não haverá fichas para o dr. Cristiano nos dias de quarta e sexta”, diz o pequeno aviso. Doutor Cristiano é o médico que dá plantão nos outros dias da semana. A doméstica Noêmia da Silva, 33 anos, não sabia- ou lembrava- desse detalhe quando começou a sentir dores na região lombar e a vomitar intensamente na madrugada da última quarta. Levada pelo marido para o Hospital e Maternidade do Povo, na principal rua de Benevides, foi informada de que não havia médico. Foi encaminhada até a UBS, na mesma rua. Recebeu resposta idêntica. Voltou para casa, ainda com as dores.

“É como se tivessem enfiado uma faca aqui nos quartos”, diz ela, entre um gemido e outro. Na quinta-feira, Noêmia chegou cedo à UBS. Ainda não eram 6h. Estava em jejum, já que comida alguma sossegava no estômago dela. Esperou sentada num banco de madeira por duas horas e meia até ser atendida. “Recebi três injeções, uma de dipirona, as outras duas não sei, e depois me mandaram esperar cinco minutos e ir para o outro hospital. Eu acho que deveria ter ficado deitada numa maca, esperando pra ver se o remédio fazia efeito”, reclamou. A doméstica preferiu esperar em casa, longe do centro de Benevides, na zona rural do município. “Só Deus mesmo pra olhar pela gente”, disse.

Na mesma em que Noêmia esperava atendimento, Natália Assunção aguardava que os filhos pudessem ser examinados e medicados. Flaviane, sete anos, e Douglas, quatro anos, sofriam com uma crise aguda de asma. Pálida, Flaviane não parava de tossir. A mãe chegou com as crianças às 5h30, vinda do Bairro das Flores, periferia de Benevides. Só às 9h conseguiu uma ficha. Antes, havia tentado o hospital da mesma rua. Sem médico. “A gente que é pobre morre todo dia nessa vida”, lamentava.

Os problemas dos postos e unidades básicas de Saúde em Benevides repetem-se por toda a Região Metropolitana de Belém. Em Santa Izabel, também sobram reclamações. “Estou há um mês vindo atrás de remédio para inflamação e dizem que não tem”, disse, desconfiada, uma mulher. A diretora responsável pela Unidade Básica de Saúde do município estava ausente, doente da coluna, segundo disseram alguns funcionários.

Era o que esperava Maria da Conceição Trindade, a avó de Jameson da Trindade, um menino de oito meses, febril há três dias. Jameson, a avó e a mãe da criança, saíram do município de Acará em busca de atendimento médico. Aguardaram mais de uma hora até a chegada do médico.

“Às vezes tem que chegar aqui gritando para ser atendido”, dizia Fábio Clésio, com o filho de sete anos no colo. Farles Mateus tinha febre. Era a terceira vez que Clésio ia ao posto médico em busca de solução para a doença do filho.

Nem isso tiveram o pedreiro Mauro Carvalho e a mulher Marilia Santos em Marituba. O filho deles, Leonan Henrique, cinco anos, havia metido o pé no raio da bicicleta do pai. Os três moram em Maricatuba, na estrada de Mosqueiro. Esperaram atendimento por mais de uma hora. A consulta não durou nem cinco minutos. “Meu filho tá com o osso aparecendo e nem olharam direito para o pé dele. Não fizeram curativo, não limparam. Só deram uma receita pra comprar diclofenato. Isso eu dou em casa, não preciso vir aqui. Deviam era fechar isso”, dizia a mãe, enquanto se dirigia a parada de ônibus. Na Unidade de Saúde, um portão de ferro impedia a entrada dos que não são bem-vindos. Por trás dela, o silêncio de perguntas sem respostas.

Fonte: Diariodopara / http://webradiogospel.com
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