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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Porque o carnaval é tão hostil....

Peço um minuto de silêncio pelo Carnaval
Assim como o futebol, o Carnaval virou um negócio milionário. Basta passar ao largo do Sambódromo para ver os gigantescos painéis de publicidade. Todas as vezes em que trabalhei como jornalista na avenida achei aquilo tudo o maior baixo astral. É, parece loucura achar deprimente uma festa com 60 mil pessoas, fantasias coloridas e batucada, mas foi exatamente isso que eu senti.

Os desfiles hoje são feitos para a televisão. Carnavalescos escolhem cores e texturas pensando mais nas câmeras e refletores do que no enredo. E que enredos! A prefeitura de Pindamonhangaba patrocina, então o enredo da escola é Pindamonhagaba. Isso é cultura popular? Já foi o tempo. Podem me chamar de saudosista, anacrônico, velho gagá, não me importo, mas Carnaval de verdade era no tempo da Avenida Presidente Vargas, época que não vivi, mas da qual tenho uma inexplicável saudade.

Hoje não se desfila, se exibe, se mostra, se vende. Aquelas mulheres saradas e seminuas podem até ser lindas, mas não são mulheres, são mercadorias expostas em cima de carros alegóricos. Ainda é necessário que saibam sambar, mas daqui a alguns anos, também esse requisito vai cair por terra. Bastará que tenham o silicone e o botox em dia, porque o Carnaval de verdade será uma lembrança cada vez mais pálida e distante.

Das escolas de samba e da Liga, pouco se sabe. Os bicheiros saíram de cena, a grana agorá é outra, vem da prefeitura, da emissora que detém os direitos de transmissão (assim como os do futebol, do Réveillon de Copacabana etc). Com tantos patrões mandando, não é de se espantar que a festa na Marquês de Sapucaí tenha se desvirtuado. Teve um ano aí que barraram a velha guarda porque sua entrada estouraria o tempo de desfile. Se a velha guarda é barrada, o Carnaval está morto.

O público que vai ao Sambódromo também não é mais aquele. Há uma agressividade no ar, como se todo mundo ali tivesse enchido a pança de carne vermelha antes de sair de casa. O álcool, que rola em corredeiras, em vez de relaxar, torna todo mundo mais tenso, carnal, animal. O calor que emana do cimento quente parece deixar todos ainda mais incomodados, irascíveis.

Quem tem dinheiro, consome, gasta; quem não tem, fica do lado de fora, vendendo cerveja em lata num isopor imundo ou perambulando à espera do descuido de algum paulista desavisado... Bailes populares no Terreirão? Experimente se for capaz...

A festa foi contaminada pela violência. Blocos se transformaram em arenas onde caça e caçador se engalfinham em busca do prazer efêmero. O flerte agora é agressivo; o beijo, arrancado à força. E o pior é que as garotas parecem preferir a truculência ao romantismo. São mulheres masculinizadas, bombadas, de voz grossa. Há quantos anos não nasce uma Audrey Hapburn, uma Marcia de Windsor, uma Penélope Charmosa? Hoje, todas as mulheres do mundo sonham ser Ivete Sangalo, sempre regendo aquela turba movida a cerveja e energético em sua alegria falsa com data marcada.

Estou fora disso. Felizmente, na terça-feira estará tudo acabado. Todos serão obrigados a voltar para suas vidas, pelo menos até o próximo sábado, quando o Rei Momo lhes concederá mais alguns momentos em que poderão fingir para si mesmos que não são aquilo que se tornaram.

Fonte: JB / http://webradiogospel.com
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