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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Absurdo: Tráfico Internacional de Mulheres

Enraizado em Boa Vista desde a década de 90, o esquema de aliciamento de garotas para o tráfico internacional de mulheres conseguiu criar mecanismos para dificultar a investigação dos crimes cometidos. O Ministério Público Federal (MPF) tem vários processos em andamento e, no momento, está concentrando o trabalho investigativo numa rede antiga de tráfico de seres humanos que atua na rota Manaus/Boa Vista/Venezuela.
O procurador da República Rodrigo Golivio Pereira, coordenador criminal, disse que, embora existam vários procedimentos no MPF em Roraima, o trabalho investigativo esbarra num fator que tem contribuído para os criminosos ficarem na impunidade: o silêncio das vítimas.

Não se trata apenas do medo de denunciar, mas da pouca informação que as vítimas têm de aliciadores e traficantes, além da vergonha dessas mulheres de se exporem ao ter que levar o caso adiante. Boa parte das garotas vítimas desses esquemas em investigação já ganhou maioridade, casou e reconstruiu sua vida.

Rodrigo Golivio não dá detalhes das investigações por questão de segurança das vítimas e para não prejudicar o trabalho investigativo. Mas comentou sobre os trabalhos que o Ministério Público vem realizando para combater o tráfico de seres humanos. “Esse é um crime deletério, que tem como vítimas pessoas pobres, de baixa renda”, observou ao pontuar as dificuldades que encontra para chegar aos criminosos.

Ele disse que o aliciamento começa na conquista da confiança da família, por meio de presentes, apoio à alimentação da família, promessa de bom emprego para a adolescente aliciada e passeios em carros de luxo. Geralmente, a família nem pergunta detalhes das pessoas que estão indo lá na casa ou buscando e deixando as meninas na porta da escola.

Há um caso exemplar de uma cafetina que levou três garotas, das quais duas adolescentes, para se prostituírem na Venezuela. A promessa era de trabalhar de garçonete ganhando bem, mas na viagem descobriram que elas iriam ser levadas para a prostituição em garimpos venezuelanos.

Elas só não chegaram ao seu destino final porque o helicóptero em que elas eram levadas caiu, deixando pelo menos duas delas feridas sem gravidade. Por causa disso, a mãe descobriu o esquema e decidiu ir ao MPF denunciar.

O problema é que tanto a mãe quanto a filha vítima do aliciamento quase nada sabiam da cafetina. Deram o nome da mulher, mas até hoje não se sabe se este nome é verdadeiro. A mãe tinha uma foto da filha ao lado da aliciadora, numa das vezes que ela foi a casa delas levar presentes.

O procurador Rodrigo Golivio já tinha uma investigação em curso contra a mesma mulher, e a nova denúncia reforçou o processo. Mas, ao mandar fazer a perícia na foto entregue pela mãe da garota, os peritos chegaram à conclusão de que, embora o nome da acusada fosse igual e as fotos aparentemente serem da mesma pessoa, não se tratava da mesma mulher.

As investigações voltaram à estaca zero e a Polícia Federal devolveu o processo ao MPF, praticamente formalizando o pedido de arquivamento. No entanto, uma terceira denúncia contra a mesma mulher chegou no mês passado, exatamente na semana em que a Folha começou a fazer a série de matérias sobre tráfico de mulheres. “Com essas novas informações, não vou pedir o arquivamento. Esses dados novos vão ser investigados”, disse.

“Usar nomes fictícios e documentos falsos é uma tática comum para driblar a investigação”, observou Golivia. Isso acaba contribuindo para confundir o trabalho investigativo, pois diante das poucas informações relatadas pelos denunciantes, nem sempre é possível saber se o nome da pessoa investigada realmente existe.

Essa mesma mulher já teve dois processos contra ela arquivados justamente por falta de provas. Nesse terceiro, caso as investigações não avancem, há grandes chances de a acusada se livrar das acusações mais uma vez.


Tráfico de pessoas é uma questão de humanidade, afirma procurador


“O Ministério Público Federal em Roraima tem todo interesse em investigar o tráfico internacional de mulheres”, disse o procurador da República Rodrigo Golivio Pereira, que concedeu entrevista na condição de procurador-chefe substituto. Além de coordenador criminal, ele faz parte do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial.

A prioridade para o tráfico de seres humanos, segundo ele, é pelo fato de esse crime se tratar também de uma questão humanitária. “Isso envolve a dignidade humana”, frisou ao lembrar que os procedimentos no MPF tratam geralmente de aliciamento de mulheres para trabalhar em garimpos na Venezuela, em atividade análoga a de trabalho escravo.

Ele disse que a sociedade precisa colaborar para que os criminosos possam ser responsabilizados e punidos. Qualquer pessoa pode formalizar uma denúncia, com a garantia de que o nome será preservado para evitar represálias. “Nós damos toda a garantia do sigilo do nome”, frisou.

Um e-mail enviado ao MPF também é um documento que pode gerar a abertura de um procedimento investigatório. O endereço é denuncia@prrr.mpf.gov.br e o telefone é (95) 3198 2048. A sede da Procuradoria da República em Roraima é rua General Penha Brasil, 1255, São Francisco. O horário de expediente é de 8 as 14 horas, de segunda a sexta-feira.


Homens também são aliciados


Os casos de aliciamento e tráfico de seres humanos não se restringem a mulheres. O procurador Rodrigo Golivio disse que chegaram ao Ministério Público Federal casos de garotos levados por cafetões e cafetinas para se prostituírem em Manaus (AM).

Em um dos casos, dois garotos que tinham 13 anos à época foram ludibriados com a promessa de ganhar dinheiro trabalhando em Manaus como travestis, mas acabaram encontrando uma realidade bem diferente da que foi prometida.

Assim como ocorre com as mulheres, os garotos levados para a prostituição em outro estado ou nos países vizinhos também recebem promessas e propostas irrecusáveis. Mas, quando chegam ao seu destino final, descobrem uma outra realidade.

A primeira delas é que chegam devendo a passagem, estadia, alimentação e, muitas vezes, não podem sequer sair do local onde estão, caracterizando-se inclusive cárcere privado.

“Os dois rapazes levados para Manaus para trabalhar como travestis se depararam com uma realidade diferente da que foi prometida”, disse Golivio. Eles conseguiram ligar para a família, que por sua vez formalizou a denúncia no MPF. Hoje esses garotos têm cerca de 16 ou 17 anos.

Fonte: Folhabv / Web Rádio Gospel
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